sábado, 25 de outubro de 2014

COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA 6ª PARTE- AS MÚLTIPLAS IMPLICAÇÕES DA PRÁTICA DO COORDENADOR PEDAGÓGICO

As Múltiplas Implicações da Prática do Coordenador Pedagógico

O coordenador pedagógico dentre suas várias atribuições possui um dos mais fundamentais papéis, o de ser mediador de todo o processo pedagógico, articulando as diferentes relações inerentes do cotidiano escolar, organizando o produto da reflexão dos segmentos, do planejamento e da avaliação da prática. O presente capítulo tem o objetivo de enfocar o papel do coordenador pedagógico no contexto escolar abordando aspectos como: formação do pedagogo, planejamento, avaliação e acompanhamento pedagógico.

AS IMPLICAÇÕES HISTÓRICAS NA PRÁTICA PEDAGÓGICA

A Pedagogia, no Brasil, vive um grande paradoxo: enquanto é verificada uma imensa pedagogização da sociedade com o impacto das inovações tecnológicas, da informática dos meios de comunicação, da difusão cultural e científica e da propaganda; no meio educacional ela se encontra no descrédito, assim como a atividade docente.(José Carlos Libâneo)
Há uma tradição na história da formação de professores no Brasil, segundo a qual o pedagogo é alguém que ensina algo e o curso de pedagogia seria um curso de formação de professores para as séries iniciais. Essa idéia permanece viva na experiência de muitos que não entendem, ou não tiveram a oportunidade de perceber que a Pedagogia se ocupa com todo o processo educativo e ao mesmo tempo é uma diretriz orientadora da ação educativa. Dentro dessa visão “o Pedagogo” é um profissional que atua em várias instâncias da prática educativa, direta ou indiretamente ligadas à organização de saberes e ações pedagógicas.
Segundo Libâneo, o grande paradoxo em que nos encontramos hoje em relação à Pedagogia, está extremamente ligado a ampliação e inovações tecnológicas, as quais, trazem atrativos pedagógicos bem claros e perceptíveis, deixando o meio educacional com mais descrédito ainda.
Partindo disso, como administrar nossa identidade de Pedagogo com este complexo campo de trabalho que é a Educação? O qual nos leva, muitas vezes, a coordenadas inseguras, perda de sentido e de referências.
Afinal de contas, qual o papel do Pedagogo? Diversas são as reclamações que emergem do cotidiano dos coordenadores: sentem-se sozinhos, lutando em muitas frentes, tendo que desempenhar várias funções. Qual seria sua efetiva identidade profissional? A sensação que se têm, com freqüência é de que são ‘bombeiros’ a apagar os diferentes focos de ‘incêndio’ na escola, e no final do dia vem o amargo sabor de que não se fez nada de muito relevante [...] Sentem ainda o distanciamento em relação aos professores, a desconfiança, a competição, a disputa de influência e de poder (VASCONCELLOS, 2007, p. 85).
Considerando o tradicional distanciamento na formação e na prática dos pedagogos, não se tem mediação adequada entre as diferentes linguagens produzidas nesses diversos âmbitos de atuação do Pedagogo.
É necessária a busca por sua identidade, para que possa dar um novo significado em sua prática, tentando superar as dificuldades encontradas neste campo de trabalho, as quais, muitas vezes decorrentes de limitações próprias e/ou, dificuldades em traduzir em suas práticas a riqueza de seus conhecimentos.
Portanto, devemos analisar as causas de tais atitudes, nos localizando no movimento da história, a fim de entender como chegamos ao descrédito da prática pedagógica. Devemos reconhecer que as propostas de mudança, muitas vezes foram implantadas de cima para baixo, sob o amparo do tecnicismo, num contexto de desqualificação da formação e desvalorização profissional.

OS MÚLTIPLOS PAPÉIS DO COOORDENADOR PEDAGÓGICO
pedagogica2
A figura 2 define as múltiplas ações do coordenador pedagógico, fazendo um paralelo entre sua prática e a concepção sócio-histórica do contexto escolar.
É destacado no esquema da figura 2, o trabalho do coordenador pedagógico como um dos principais eixos que norteiam o processo pedagógico, valorizando a análise da realidade através da ligação e interligação de todos atores do contexto escolar, objetivando um movimento de construção e reconstrução coletiva, enfatizando algumas das principais ações deste profissional:
a) Articulação - Realizar a análise e avaliação diagnóstica, articulando-se com os múltiplos atores envolvidos, visando identificar a solução para situações-problema da escola, devendo ser capaz de ler, observar e congregar as necessidades dos que atuam na escola. As idéias devem ser construídas, discutidas e implementadas por todos os envolvidos. O coordenador deve articular e motivar a adesão e o compromisso do grupo.
b) Intervenção - Direcionar o grupo, a manter o foco nos aspectos da realidade escolar, buscando relacionar teoria e prática, desencadeando um trabalho de acompanhamento da ação docente, que privilegie a reflexão crítica da prática do professor, movimentando-o para a mudança, enquanto pesquisador de sua própria prática.
c) Mediação - Resgatar a dimensão coletiva do trabalho educativo, considerando as experiências, os interesses e o modo de trabalhar do professor, bem como criar condições para questionar sua prática e disponibilizar recursos para modificá-la; para isso é necessário possuir conhecimentos gerais e específicos que lhe permitam desempenhar uma série de atividades que visem à melhoria constante do processo de ensino aprendizagem.
d) Auto-avaliação - A estratégia de acompanhamento e avaliação da ação pedagógica estrutura-se como um processo, ou seja, numa contínua análise da prática, na busca de esclarecimento e compreensão, reflexão e solução para os problemas, como forma de obter a qualidade do processo educativo.
Vasconcellos (2007) define como um dos principais papéis da supervisão a disposição de criar condições para que o professor descubra a melhor forma de ajudar o aluno a aprender.
Alarcão (2001) salienta que função do supervisor, também pode ser compreendida como um processo em que um professor, em princípio mais experiente e mais informado, orienta um outro professor ou candidato a professor no seu desenvolvimento humano e profissional.

PLANEJAMENTO
O planejamento se configura como um dos mais importantes elementos do processo pedagógico, devendo ser utilizado como ponto de partida para se conhecer melhor e refletir sobre a realidade em que se pretende atuar. Podemos dividir o planejamento em diferentes etapas, em primeiro momento selecionando os meios para intervir tendo em vista a mudança pretendida, em um segundo momento fazendo a reflexão sobre os resultados obtidos, por fim construindo uma nova proposição de metas. Isto significa dar prioridade ao planejamento como um processo dialético (ação-reflexão-ação), deixando de lado os registros meramente formais, estáticos, distantes da realidade.
Um plano não é mais que um documento de trabalho, cuja importância é somente momentânea; quando surge sob forma impressa, está ultrapassado. O estabelecimento de um plano, isto é, o exercício do pensamento planificador, é algo infinitamente mais importante que um livro elegantemente apresentado e intitulado: ’Plano de Seis Anos’ (FRIEDMANN, 1959, p. 348).
Esse mesmo autor, refere-se a diferentes modos de pensamento a nível da planificação: pensamento objetivo, analítico, integrativo, projetivo, experimental e utópico, referindo-se também a imaginação estética.
Pensando nas modificações que historicamente foram delineando a educação, podemos observar que o ato de planejar com tendências burocratizantes, enfatizou muito mais o produto final, ou seja, a papelada contendo gráficos mais complicados possíveis e objetivos definidos conforme a visão do professor do que o aluno seria capaz de atingir, contribuíram muito para a descrença no planejamento.
Por isso hoje a tarefa de planejar é bem mais complexa, não se trata de ter condições de planejamento, mas de se resgatar o significado e dar a importância devida a este elemento indispensável para o sucesso do Projeto Político- Pedagógico.
Assim, estaremos dando um sentido bem mais profundo e coerente à seleção de conteúdos, dos procedimentos metodológicos e dos instrumentos de avaliação, assegurando sua perfeita integração.
Segundo Vasconcellos (2007), é no cotidiano escolar que estas grandes dimensões do planejamento costumam se traduzir para o professor, quando ele se preocupa com “o quê” vai ser ensinado, como vai ser trabalhado, por quê e para quê vai ser trabalhado e como vai se saber se os alunos estão assimilando ou não e o que fazer diante disto.
Podemos perceber que para planejar é necessário o conhecimento da realidade do contexto escolar, analisando e selecionado conteúdos que contribuirão para um ótimo desenvolvimento do ensino-aprendizagem. Utilizando uma metodologia diversificada e adequada às necessidades do educando, os professores constatarão se houve ou não crescimento na aprendizagem, refletindo assim, em novas estratégias na prática pedagógica.

ACOMPANHAMENTO PEDAGÓGICO

A minha abertura ao querer bem significa a minha disponibilidade à alegria de viver. Justa alegria de viver, que, assumida plenamente, não permite que me transforme num ser ‘adocicado’ nem tampouco num ser arestoso e amargo. (Paulo Freire)
A atuação do coordenador no cotidiano escolar requer uma sistematização mais visível, como forma de possibilitar a melhoria da sua intervenção ao longo do ano letivo. Com o registro das situações encontradas, das intervenções feitas, das leituras sugeridas, das reflexões efetuadas na escola, o coordenador terá subsídios mais concretos para dar continuidade às suas ações e intervenções na prática pedagógica desenvolvida pelo professor, tornando-se cada vez mais um parceiro deste profissional e assim, contribuindo significativamente na construção de um projeto educativo que resulte no sucesso do aluno.
Neste sentido, é importante refletirmos sobre a diferença de acompanhar e fiscalizar, pois normalmente ao acompanhar o trabalho do professor muitas vezes o coordenador pedagógico é visto como um fiscal, função esta que não trará muitos créditos para o desenvolvimento significativo e de interação para a construção coletiva do projeto escolar.
Um dos fundamentais passos do acompanhamento pedagógico é a avaliação, portanto avaliar o processo pedagógico conduz à reflexão com dados concretos sobre o que acontece de fato na escola, possibilitando obter informações úteis ao nível de sala de aula, tendo em vista os objetivos estabelecidos para o processo de escolarização.
Deixar de acompanhar e avaliar a escola pode significar deixá-la num caminho que produza como conseqüência final a sua ineficácia.
Avaliar tem com certeza três lados: aluno, professor e os demais membros da equipe pedagógica da unidade escolar. Avaliar o aluno traz sempre consigo a avaliação da prática pedagógica do professor e do trabalho pedagógico desenvolvido pela escola. Assim, se há problemas de aprendizagem, há também problemas de ensino e de organização da gestão escolar.
É importante também oferecer suporte e auxílio para a prática no cotidiano escolar, e para isso será necessário que o coordenador pedagógico utilize freqüente e diversificado instrumento de avaliação para acompanhar mais sistematicamente o processo educativo, propondo intervenções na prática do professor, a fim de contribuir para atingir a excelência no ensino-aprendizagem.
Assim, o papel do coordenador pedagógico como parceiro do professor e da equipe escolar, é estar levando o grupo a refletir sobre a proposta pedagógica desenvolvida na escola e orientar o fazer pedagógico.
Para isso, é importante que no acompanhamento pedagógico seja observado:
- As necessidades de aprendizagem dos alunos.
- O trabalho coletivo respeitando o ponto de vista dos colegas.
- A Interação com a comunidade escolar (interna e externa).
- A visão integrada e dinâmica do currículo em relação à realidade.
- O trabalho na perspectiva interdisciplinar.

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